Muitos empreendedores criativos deixam de dar o devido valor ao seu trabalho por não saberem como precificar um produto artesanal.
De acordo com a última estimativa do Sebrae (feita em 2022), mais de 8 milhões de brasileiros tinham como fonte de renda principal, seu trabalho com o artesanato de vários tipos.
Desde trabalhos manuais, confeitaria, até produção de cosméticos, vestuário e tudo que a imaginação permitir, o setor de ateliês movimenta bilhões de reais anualmente.
Grande parte dessa estatística é formada por mulheres que encontraram, nas suas habilidades, uma forma de proteger suas famílias financeiramente.
Um trabalho tão importante para as pessoas e para o país, merece reconhecimento e isso começa pela valorização do seu tempo e esforço.
Se você quer aprender de uma vez por todas a precificar o seu trabalho com segurança, inteligência e considerando tudo o que precisa na formação do seu preço, vai encontrar aqui o jeito certo!
O que você nunca deve fazer na hora de precificar um produto artesanal:
❌Pesquisar os preços da concorrência para cobrar igual é o maior erro de todos: Não tem como saber se seu colega de profissão usa os mesmos materiais, se o fornecedor cobra igual, tampouco se os custos variáveis se aproximam. Portanto, NUNCA use esse método.
❌Não considerar o valor da mão de obra é fatal: Já imaginou se um pedreiro cobrasse apenas os materiais para construir uma casa? O mesmo se aplica a você, que “fabrica” o produto final. Sua precificação precisa incluir o valor da sua hora trabalhada.
❌Ter medo de cobrar um preço justo por pensar que vai espantar os clientes: A Garoto, assim como a Lindt vendem chocolate, mas cada uma tem o seu público alvo. Não é diferente para nenhum outro ramo, incluindo o artesanato! Você não precisa cobrar barato demais para fazer mais vendas. Com um preço competitivo, mas justo, naturalmente você vai atrair o seu tipo de público.
❌Ignorar custos eventuais: Você precisa definir o valor do produto com base em todas as etapas de produção. Ou seja, desde os insumos, embalagem, entrega, até margem de perda dos materiais. Se você comprar 1 metro de tecido, por exemplo, mas sobrar alguns centímetros que não podem ser aproveitados para nada, você precisa contabilizar como parte da estrutura de precificação. Caso contrário, pode acabar pagando para trabalhar.
❌Dar descontos sem critério: Você não pode abaixar o seu preço apenas porque sim ou por pressão de alguns clientes que alegam que em outro lugar encontram mais barato. Só você sabe o quanto te custou investir no seu trabalho, então seja justo com ele.
Promoções são uma ótima ferramenta de marketing, mas só funcionam com uma boa análise de custo. Você só saberá quanto pode dar de desconto sem prejudicar o seu caixa depois de descobrir seu lucro real.
Entenda o que são os Custos Diretos e Indiretos
Para ter certeza que o seu preço final cobre todas as despesas de produção e realmente gera lucro pro seu bolso, vamos categorizar todos os custos que podem estar envolvidos.
Custos Diretos: Tudo que você usa para fabricar seu produto
- Matéria-prima: tecidos, fios, madeira, tintas, entre outros dependendo do que você vende.
- Embalagem: sacolas, caixas, fitas, etiquetas personalizadas etc.
- Frete e transporte: se você arca com a entrega para o cliente.
💡Dica: Para encontrar o preço por unidade, você deve dividir o preço do pacote fechado ou do metro do tecido, por exemplo, pela quantidade de itens que você consegue produzir. Nunca se esqueça de fazer essa conta.
Custos Indiretos: despesas que fazem parte do funcionamento do negócio, mas não estão ligadas diretamente ao produto em si
- Aluguel do espaço de trabalho (se houver).
- Contas de energia, água e internet.
- Desgaste de equipamentos e ferramentas.
- Gastos com divulgação, desde panfletos, até marketing e impulsionamento da marca em redes sociais.
- Sua hora de trabalho
💡Dica: A maioria das pessoas fica perdida nessa hora, mas é simples: Anote todas as suas despesas mensais e divida pelo número de produtos que você vende por mês para ter uma média dos custos indiretos por peça.
Métodos de precificação de um produto artesanal
Cálculo Baseado nos Custos
A fórmula mais básica para garantir que você cobre seus custos e tenha um bom lucro é essa:
Preço de venda = (Custo total) x (Multiplicador de lucro)
O multiplicador de lucro pode variar, mas a prática comum é entre 2 e 3 vezes o custo total, dependendo do nicho e do valor agregado ao produto.
Definição da Margem de Lucro
O lucro precisa cobrir seus investimentos e permitir o crescimento do negócio. Para calcular a margem de lucro, utilize a fórmula:
Margem de lucro (%) = [(Preço de venda – Custo total) / Preço de venda] x 100
Uma margem de lucro saudável para produtos artesanais geralmente varia entre 30% e 50%, podendo ser maior para produtos com algum diferencial que se destaque.
Precificação de acordo com o valor percebido pelo público
Se seu produto tem um diferencial forte, como materiais premium, exclusividade ou uma marca bem estabelecida, ele pode ser precificado com um valor maior do que os concorrentes.
Se você só está começando, pode investir em personalização, embalagens especiais e uma apresentação mais bonita para que seus clientes vejam seu produto como um diferencial.
Estratégias de precificação de produto artesanal para aumentar suas vendas
- A percepção do cliente é muito relevante e por uma pequena diferença você pode usar um método “psicológico” para parecer mais competitivo. Em vez de R$50,00, prefira R$49,90, por exemplo. No entanto, para produtos premium, arredonde para números inteiros, como R$150.
- Pratique preços diferentes para o atacado e varejo, caso venda para lojistas ou em grandes quantidades. Considere uma precificação diferenciada, reduzindo o valor unitário para incentivar compras maiores.
- Descontos são uma estratégia de venda desde que você use com cautela. Algumas ideias são ótimas: Descontos progressivos para compras acima de um determinado valor; Brindes em compras acima de um valor específico; Promoções sazonais para renovar o estoque.
Em conclusão, pense nisso…
O mercado pode mudar, você mesmo pode mudar seus produtos, além do contexto da economia no geral que pode nos obrigar a fazer ajustes. Além disso, você pode usar a experiência do dia a dia para medir a eficiência da sua precificação.
Vendas baixas demais podem significar um exagero no preço, assim como saída muito rápida dos produtos pode indicar que você está cobrando mais barato. Mas é verdade que essas condições também servem de diagnóstico para outros problemas. A solução é analisar a saúde do seu negócio constantemente.
Aqui vale aquele velho ditado “é o olho do dono que engorda o gado” para que a lucratividade do seu artesanato seja boa. Portanto, agora é sua vez! Seu trabalho merece reconhecimento!
O artesanato é uma das muitas formas de transformar talento em lucro. Se você se identificou com essa jornada e quer explorar outras oportunidades, temos um conteúdo perfeito para você! Descubra como começar com coisas que talvez você já tenha: confira nossa lista de ideias para empreender com pouco dinheiro.